Ao lado de Humberto, Nobel da Paz denuncia golpe contra Dilma no plenário do Senado

Aos senadores, Adolfo Pérez Esquivel critica golpe contra Dilma. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado
Aos senadores, Adolfo Pérez Esquivel critica golpe contra Dilma. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado

 
O Senado Federal recebeu, nesta quinta-feira (28), a visita do prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, que aproveitou a passagem pelo plenário da Casa para criticar, diante dos parlamentares, o que ele chamou de “golpe de Estado” contra a presidenta Dilma Rousseff.
O discurso de menos de dois minutos feito pelo militante dos direitos humanos foi elogiado pelo líder do Governo, Humberto Costa (PT-PE), e por parlamentares da base e questionado pela oposição.
Esquivel falou depois que foi autorizado pelo presidente da sessão, Paulo Paim (PT-RS), para fazer uma saudação aos presentes. O argentino cumprimentou o plenário e chamou a atenção para o processo de afastamento da presidenta que está sob análise na comissão especial do impeachment. Segundo ele, o que está em curso no Brasil é um golpe de Estado.
“Creio que, neste momento, há grandes dificuldades de um possível golpe, que já pôs seu mecanismo em funcionamento em outros países do continente, como Honduras e Paraguai. Utilizou-se a mesma metodologia. Simplesmente, dizer-lhes que, neste momento, acima dos interesses partidários, estão os interesses do povo do Brasil e de toda a América Latina”, declarou.
Para o arquiteto e escultor, que se reuniu com a presidenta Dilma no Palácio do Planalto e com a bancada do PT e do PCdoB do Senado na manhã desta quinta-feira, o Brasil passa por dificuldades, mas ele espera que a situação possa ser resolvida. “Assim, com este espírito, com esta confiança, foi falado extensamente com a Presidenta Dilma, e espero que saia o melhor desse recinto, ao bem da democracia e da vida do povo do Brasil”, finalizou.
Esquivel ganhou o Nobel da Paz por conta de seu trabalho como coordenador, na década de 1970, da fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (Serpaj-AL) na cidade colombiana de Medelin. À época, a fundação difundiu o combate aos regimes militares da América do Sul por meio da “não-violência ativa”.
Polêmica
Diante da polêmica criada pela oposição por discordar da fala, no plenário, do prêmio Nobel da Paz, Humberto Costa se manifestou. Ele afirmou que, em nenhum momento, houve qualquer combinação de congressistas do PT para que o argentino defendesse a presidenta Dilma na sessão, “até porque ele já manifestou publicamente a sua posição na imprensa mundial”.
“Não se criaria aqui uma situação como essa, apenas para o registro de uma posição que é pública e que não é somente dele. É, por exemplo, a posição do Secretário-Geral da OEA e do Secretário-Geral da Unasul. Aliás, o Parlamento do Mercosul decidiu, ontem, enviar uma comissão de Parlamentares para acompanhar a situação do Brasil”, observou Humberto.
O parlamentar disse que entende que a posição de Esquivel cause “verdadeira urticária na oposição, porque é duro tentar, de todas as formas, dourar a pílula do que está acontecendo hoje, e não conseguir”. “Há manifestações de artistas, de intelectuais, da população brasileira, de um modo geral, sobre o que está acontecendo no país”, reiterou.
O senador também contou que ficou surpreso com a reação da oposição, pois foi ela que levou ao Congresso Nacional brasileiro parlamentares da Venezuela, com ampla cobertura da imprensa, para fazer reuniões denunciando o governo de lá e atacando o Governo daqui.
“Os da Venezuela que vieram aqui dizer que o Brasil era conivente com o que eles chamam de falta de democracia lá não foram aqui, em nenhum momento, medidos por essa mesma régua. Quem desrespeitou este Senado foi quem organizou reunião de comissões ordinárias aqui, para que parlamentares, vinculados à extrema direita da Venezuela, se posicionassem”, ressaltou.