O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou, nesta sexta-feira (15), que viu com bons olhos a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de abrir inquérito para apurar notícias falsas (fake news) que tenham a Corte como alvo. Para o senador, apesar de tardia, a investigação poderá mostrar que os que atacam os ministros da Suprema Corte e destroem as suas reputações devem ser os mesmos difusores de mentiras nas redes sociais que ofendem jornalistas, o PT e o ex-presidente Lula.
“Todos nós acompanhamos claramente o que aconteceu nas eleições. Uma grande estrutura foi montada, usando tecnologia de ponta, ilegalmente financiada por empresários de extrema direita, para produzir a maior campanha de notícias falsas da história do país, que definiu a eleição não só para presidente da República, como também para governadores, senadores e deputados”, declarou.
O parlamentar ressaltou que o PT já havia recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que a Folha de S.Paulo, no 2º turno do pleito, provou que empresários financiaram ilegalmente grupos de WhatsApp para veicular mentiras e ataques violentos ao candidato do PT, Fernando Haddad. Ele lamentou que o TSE ainda não tenha tomado qualquer medida em relação às representações.
“O fato é gravíssimo e, por si só, seria motivo suficiente para a cassação da chapa que ganhou a disputa. Ainda esperamos uma resposta da Justiça Eleitoral sobre essa usina de mentiras criada por Bolsonaro e aliados”, disse.
Humberto lembrou que, durante o pleito, divulgaram exaustivamente a mentira do kit gay, que teria sido criado por Haddad, inclusive com a difusão de uma mamadeira que simulava um pênis, com a informação de que foi distribuída a crianças em creches.
“Na campanha, mostraram até uma foto de Haddad dirigindo uma Ferrari, dizendo que ele era milionário. Ele andou no carro a convite da Ferrari como prefeito de São Paulo. Chegaram ao cúmulo, na véspera da eleição, de espalhar que Haddad teria estuprado uma menina de 12 anos. Foram esses os discursos que ganharam a eleição e influenciaram pessoas de boa fé a votar em Bolsonaro. Assim, essa tragédia está há mais de dois meses governando o país”, disparou.
Para o senador, o governo só tem propostas para destruir e acabar com reputações, e promove linchamentos digitais. Ele reiterou que o próprio presidente da República vai ao Twitter atacar jornalistas pessoalmente, que passam a ser vítimas nas redes, com ameaças de morte.
“Essa é a política de comunicação do governo. O próprio presidente da República é o maior divulgador de fake news do país. Por isso, essa decisão do STF de investigar essa rede vem tarde, mas ainda em boa hora. Agora. Esperamos que o STF identifique também quem paga e quem estimula a produção e difusão de fake news”, comentou.
Humberto avalia que a ditadura da internet no país, instalada principalmente por Bolsonaro e seus aliados, tem de acabar. “A torcida é para que o STF vá a fundo e identifique esses assassinos de reputações, esses indivíduos que usam como argumento a liberdade de expressão para caluniar e difamar”, concluiu.