Em discurso de Humberto, Dilma reafirma compromisso com novas eleições

 

Para Humberto, só o voto popular será capaz de restaurar a legitimidade política do país. Foto: Foto: Moreira Mariz/Agência Senado
Para Humberto, só o voto popular será capaz de restaurar a legitimidade política do país. Foto: Foto: Moreira Mariz/Agência Senado

 
A presidenta Dilma Rousseff reafirmou, nesta segunda-feira (29), em resposta ao discurso feito no plenário pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que irá convocar um plebiscito para chamar a população a opinar sobre a realização de novas eleições presidenciais antecipadas.
Instada a comentar o assunto pelo senador, que avalia que só o voto popular será capaz de restaurar a legitimidade política do país, Dilma declarou que a governabilidade deve passar, necessariamente, pela escolha dos eleitores brasileiros.
“Os golpistas não gostam de voto e dizem que isso não é um salvo-conduto para cometer irregularidades. Nós sabemos muito bem disso, assim como temos a exata noção de que é completamente insustentável não ter voto na urna e querer governar o Brasil”, disse Humberto.
Dilma concordou com o entendimento do parlamentar. Em sua resposta, ela afirmou que se trata de um empecilho numa democracia, que tem por base o voto direto dos eleitores e também que impeachment só deve existir, conforme prevê a Constituição Federal, se houver crime de responsabilidade por parte do chefe do Executivo.
“Não é legítimo alçar um programa completamente diferente do resultado eleitoral ao poder. A presidenta disse, com todas as letras, que se trata de um verdadeiro estelionato eleitoral, no sentido mais completo da expressão”, comentou Humberto. Para o parlamentar, não há condições de transformar os sem-votos nos administradores do país.
A presidenta ressaltou que os votos não lhe deram um salvo-conduto para cometer ilegalidades. Ela admitiu que, como presidenta do país, está sujeita ao afastamento definitivo estabelecido pela Constituição. “Mas tem de haver crime de responsabilidade. Já mostramos aqui porque se trata de um golpe parlamentar: porque não há crime”, esclareceu ela.
Ao observar que o Senado pode reparar “esse erro histórico” contra Dilma ou chancelar o “golpe”, Humberto destacou as qualidades da presidenta e a chamou de uma mulher de fibra, coragem e perseverança. Da tribuna, referindo-se diretamente à petista, Humberto afirmou que a vinda dela ao Senado é mais uma prova da sua inocência, pois “veio de peito aberto responder a todos os questionamentos”.
“Presidenta, a senhora está respondendo aqui a supostos crimes de que lhe foram imputados, mas que foram praticados por 17 governadores e mais de um presidente da República. Só Vossa Excelência, porém, está sendo objeto de um julgamento. Se estivéssemos num processo regular, no máximo lhe renderia uma multa. Mas, hoje, isso é a causa da tentativa de derrubá-la”, registrou.
O parlamentar ainda fez uma perspectiva em relação ao futuro de Michel Temer (PMDB), que está destruindo, de acordo com ele, as políticas sociais de sucesso implementadas pelos governos Lula e Dilma. Humberto avisou que o centrão, bloco que dá apoio ao governo interino, já aposta numa queda de Temer por envolvimento na Lava Jato para eleger um novo presidente. “A escolha seria indireta, feita pelo Congresso Nacional, o que é muito ruim para a democracia”, finalizou.