Foto: Roberto Stuckert Filho

O congelamento de 30% do orçamento das universidades públicas e 40% dos institutos federais do país feito pelo governo Bolsonaro é uma ameaça à educação pública e tem como objetivo estrangular as instituições de ensino para que sirvam só a uma elite e torne o Brasil um imenso supermercado de instituições privadas.

Esta é a avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que participou de audiência pública na Comissão de Educação da Casa, nesta terça-feira (7), com o ministro Abraham Weintrau

“É uma destruição em larga escala. Tristeza ao povo, alegria ao ministro da Economia, cuja irmã acaba de assumir o comando da associação das universidades privadas. Olavo de Carvalho poderia explicar essa feliz coincidência astrológica para os negócios dos mercadores do ensino” disparou.

Para o parlamentar, a melhor forma de resistência virá, de fato, dos estudantes, que estão dando “uma firme e estimulante resposta nas ruas em todos as regiões do país”. De acordo com Humberto, se não houver uma explosão de protestos que emparede esse governo medieval, o governo avançará sobre as instituições de ensino.“O que eles querem é asfixiar o ensino superior até que sirvam só a uma elite e o Brasil vire um imenso supermercado de instituições privadas.

É um momento muito duro para a educação pública, que exige uma dura reação de todos nós. O mundo acadêmico já mandou o seu recado”,comentou, lembrando que mais de mil intelectuais em várias partes do planeta e mais de 13 mil sociólogos criticaram duramente a perseguição de Bolsonaro às academias.O parlamentar ressaltou que, não à toa, os estudantes encurralaram Bolsonaro em uma cerimônia, ontem, no Rio de Janeiro, a ponto de o presidente ter precisado de um forte aparato policial para sair do Colégio Militar onde estava.

O senador entende que o que está em curso no Brasil é uma campanha de desqualificação dos professores, de áreas do saber, das instituições acadêmicas e do próprio sistema de ensino, com a finalidade única de promover uma fascista doutrinação política dos estudantes brasileiros.“O ministro da Educação é um frustrado acadêmico com desempenho universitário pífio. É ele que desqualifica os alunos, as instituições de ensino e o nível dos professores. Como bem disse, aliás, o mestre e doutor em Filosofia Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia, o ministro que exige dos outros professores publicações e ranking científico tem pior desempenho acadêmico”, ironizou.

Humberto criticou ainda o fato de Abraham Weintraub ter praticamente exigido a aprovação da Reforma da Previdência, numa clara e aberta chantagem ao Congresso Nacional, em troca de melhorias na área de educação.“Esse ministro gabarola veio aqui fazer um exercício sem fim de autoelogio e explicar nada sobre esses cortes absurdos. Quem vai reparar todo esse dano? Quem vai recuperar todas as perdas que a UFPE, a Universidade do Vale do São Francisco, os institutos federais de Pernambuco e do Brasil terão com essa política tacanha e ideológica do governo Bolsonaro?”, questionou.