Governo mente sobre rombo bilionário que deu nas contas, alerta Humberto

Humberto lembra que até as despesas discricionárias, aquelas que o governo tem autonomia para não realizar, subiram muito em 2016, em relação a 2015. Foto: André Corrêa/Liderança PT no Senado
 
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comemorou, nessa segunda-feira, (30) o anúncio de déficit recorde de R$ 154,3 bilhões nas contas públicas no ano passado por “ter sido menor que o esperado e ter cumprido a meta fiscal”. Mas, na avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), como se não bastasse “soltar foguete para recorde negativo”, o governo do presidente não eleito Michel Temer (PMDB) escondeu que aumentou significativamente as suas despesas.
“O ministro disse que o cumprimento da meta se deve a uma execução orçamentária rigorosa e a um diagnóstico realista da situação das contas públicas. Isso é uma mentira. Na verdade, houve aumento real dos gastos da União em 2016 na comparação com 2015 e, como a economia continuou em recessão, as despesas também cresceram em proporção ao PIB, provavelmente atingindo o nível mais elevado da história. Isso eles não contam”, afirmou Humberto.
Para o senador, a comemoração de Meirelles de que a meta fiscal foi cumprida e o resultado das contas públicas foi melhor do que o previsto – a expectativa era um resultado negativo em R$ 170,5 bilhões – omite que a perspectiva do rombo nos cofres da União era excessiva e foi feita para pagar o golpe aplicado sobre Dilma Rousseff.
“Para derrubar a presidenta, os golpistas alardearam para o mundo que as contas do país estavam no fundo do poço e prometeram uma retomada de crescimento imediata assim que ela saísse. Vemos que a situação piorou, e muito, com a chegada deles no poder. Estão fazendo festa até para déficit recorde, algo inimaginável”, ressaltou.
Humberto lembrou que até as despesas discricionárias, aquelas que o governo tem autonomia para não realizar, subiram muito em 2016, em relação a 2015. “Elas aumentaram 2,8%, em termos reais, em decorrência, principalmente, da decisão do governo de reduzir os restos a pagar de anos anteriores”, comentou.
De acordo com o parlamentar, o governo ainda mente quando afirma que o resultado do orçamento não consegue mais cobrir o déficit da Previdência Social e por isso é preciso realizar a reforma. “Ora, o resultado negativo grande da Previdência é devido à forte queda na arrecadação por conta do aumento do desemprego e não por questões estruturais. E o espaço fiscal que houve não foi utilizado para retomar a economia, sendo que os investimentos caíram, mesmo com um grande aumento real das despesas”, disse.
A Secretaria do Tesouro Nacional divulgou, ontem, que o o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) encerrou 2016 com um déficit recorde de R$ 154,3 bilhões nas contas públicas, o maior desde 1997, quando teve início a série histórica.