Perda de certificado de erradicação do sarampo é grande retrocesso, diz Humberto

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A perda do certificado de erradicação do sarampo pelo Brasil representa um retrocesso de anos de políticas públicas na área da saúde. A avaliação é do líder do PT no Senado e ex-ministro da Saúde do governo Lula, Humberto Costa (PE). Segundo ele, o Brasil lutou muito, e por muito tempo, para conseguir o selo de área livre da doença, obtido em 2016. A falta de novas campanhas de alto impacto para alertar a população, a dificuldade de encontrar a vacina em postos de saúde, além do movimento antivacinal, do qual faz parte o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, são apontados como razões para o aumento de casos de sarampo no país.
“É isso que acontece quando os boatos ganham e a desinformação chega ao poder. O que se pode dizer de um país cujo o presidente tem como o seu principal ídolo um astrólogo aspirante a filósofo que diz absurdos como que as vacinas são nocivas e que a terra é plana? Esse tipo de retórica irresponsável traz imensos prejuízos ao país e leva pessoas, principalmente crianças, à morte”, afirmou o senador.
 
Em 2018, o Brasil viveu um surto de sarampo e foram registrados cerca de 10 mil casos da doença. Não por acaso, o Ministério da Saúde admitiu que houve uma redução do número de crianças vacinadas contra a doença. Quase metade dos municípios não atingiu a meta de vacinação contra o sarampo. Esta semana, a pasta confirmou mais um caso endêmico no pais, completando mais de um ano de transmissão.
Segundo o senador, é preocupante a postura do governo Bolsonaro, que é ambígua com relação ao tema e que vem precarizando a saúde pública.  Para Humberto, é necessária uma ação de mobilização nacional para conscientizar a população dos riscos de não vacinar as crianças. “O SUS atende 80% da população brasileira, mas, para o presidente, a saúde não precisa de recursos e, sem investimento, o SUS não tem condições de atender a demanda crescente. Não podemos permitir que pessoas adoeçam e, em casos extremos, sejam levadas a óbito por total incompetência de gestão. Um retrocesso como a redução do número de pessoas imunizada contra o sarampo tem efeitos danosos sobre a população e para o SUS, que, em vez de estar investindo na prevenção, agora tem que arcar com boa parte dos custos do tratamento daqueles infectados pela doença”, afirmou.