Sem ajuda de Cunha, Temer sofre derrota no Congresso, avalia Humberto

 

Líder do PT comandou oposição em noite de fracasso do governo Temer no Congresso. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT
Líder do PT comandou oposição em noite de fracasso do governo Temer no Congresso. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT

 
Sem contar com a mão do amigo e aliado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da presidência da Câmara dos Deputados, o governo interino de Michel Temer (PMDB) sofreu uma derrota na noite dessa terça-feira (2), durante sessão do Congresso Nacional. Magoado com o Planalto desde que teve de renunciar ao cargo de presidente da Casa, Cunha abandonou a base de Temer à própria desorganização e, por volta das 23h, já não havia mais número suficiente na Câmara para sustentar a continuidade da sessão. Em razão disso, ela acabou derrubada, após o quórum mínimo de deputados manter 14 vetos presidenciais, muitos deles apostos por Dilma Rousseff (PT). Mas a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, pauta mais importante para Temer, não chegou a ser apreciada.
Articulador da atual oposição, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), apontou a fragilidade da base governista, que – sem o apoio fechado do bloco chamado centrão, fiel a Cunha – não conseguiu sequer chegar à pauta mais importante da noite para o Palácio do Planalto.
“O que se viu foi a desarticulação da base de sustentação dos golpistas. Primeiro, houve uma demora imensa para a sessão começar, dada a falta de quórum. Ela só não caiu no início por benevolência do presidente do Congresso e porque não pedimos a sua derrubada, certos de que o governo ia cair pelas próprias pernas. Foi o que houve”, avaliou Humberto. “Ao fim, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) teve de encerrar a sessão porque já não havia mais quórum na Câmara.”
De acordo com o líder do PT, o chamado centrão, composto por vários partidos de diferentes linhas que se articularam por obra de Eduardo Cunha para dar apoio a Temer, já demonstra insatisfação com o Palácio do Planalto. “Observamos que já não estão dando o respaldo inicial que prometeram. Muitos já reclamam publicamente de iniciativas tomadas pelo governo, que está apenas começando”, ressaltou o senador.
Entre os itens analisados pelos deputados e senadores na noite dessa terça-feira, estava o veto presidencial à reserva de 10% da verba da União para a construção de imóveis do Minha Casa, Minha Vida em cidades com menos de 50 mil habitantes. Como os outros 13 vetos da pauta, ele foi mantido porque precisaria da maioria absoluta dos deputados (257) para ser derrubado e a votação não chegou a esse quórum.