Autoritário com servidores, Serra é convocado por Humberto a se explicar no Senado

Líder do PT afirma que chefe da diplomacia "não pode agir como elefante em loja de cristal".  Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado
Líder do PT afirma que chefe da diplomacia “não pode agir como elefante em loja de cristal”. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado

 
 
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), apresentou três requerimento de convocação do ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), para explicar sua “falta de trato e postura autoritária” diante da greve dos servidores do Itamaraty, iniciada há um mês e sem previsão para término, já que o chanceler se recusa a recebê-los para tratar da pauta reivindicatória.
Humberto ressaltou que, nesse período, cerca de 115 dos 212 postos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), muitos deles de grande expressão, como os que ficam em Paris, Londres e em Nova York, paralisaram parte sensível das suas atividades.
O senador explicou que se tratam de embaixadas, missões diplomáticas, escritórios, consulados-gerais, consulados e vice-consulados que deixaram de emitir vistos e passaportes, registrar nascimentos e óbitos, entre outros serviços aos cidadãos, por conta do movimento “legítimo” dos servidores.
“Todos temos conhecido a inabilidade de Serra desde que ele assumiu o cargo o Itamaraty. Seja pra fora, criando embaraços diplomáticos ao Brasil, seja pra dentro, desprezando as questões administrativas e evitando o contato com os próprios servidores do Ministério. Um chanceler, mais do que qualquer outro ministro, tem de ter tato, não pode agir como um elefante em loja de cristal”, criticou o líder do PT.
Humberto disse estar perplexo com o fato do tucano ainda não ter recebido, desde que foi iniciada a greve em 22 de agosto, os servidores do Itamaraty para conversar mesmo sobre a pauta não-remuneratória das categorias que compõem o Serviço Exterior Brasileiro. O líder do PT lembrou que o ministro já recebeu até mesmo o pessoal da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), os “velhos colegas da turma de Higienópolis, para aquela conversa de comadres que o PSDB de São Paulo tão bem conhece”.
Segundo Humberto, o chefe do Itamaraty, antes mesmo de uma posição da justiça sobre a paralisação, mandou cortar o ponto dos funcionários, retirando quase um terço dos vencimentos de setembro dos grevistas.
“É um desastre atrás do outro. Serra se nega a negociar ao mesmo tempo em que pune um movimento legítimo. Esse é o modelo do PSDB de tratar o funcionalismo público: no desprezo, no arrocho e na chibata”, disparou. O líder do PT argumentou que foi por esses motivos que apresentou o requerimento de convocação em plenário, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).
“O ministro José Serra tem de vir ao Senado explicar por que está se negando a receber os servidores e a negociar a pauta apresentada, parte dela não-remuneratória, e por que determinou o corte de ponto antes mesmo de abrir qualquer possibilidade de diálogo. Não pode agir com esse autoritarismo”, finalizou.