Uma derrota histórica para o povo. Foi assim que o líder do PT no  Senado, Humberto Costa (PE), definiu a aprovação do texto-base da  Reforma da Previdência no plenário da Casa, por 60 votos a 19, em  segundo turno, nessa terça-feira (22), e da rejeição de  dois dos quatro destaques apresentados pela oposição para minimizar os  efeitos nocivos da proposta. A apreciação do restante ficou para a manhã  dessa quarta-feira.

Responsável pelo encaminhamento do voto contrário da bancada do  Partido dos Trabalhadores e pela apresentação de um destaque – que será  votado amanhã – para contemplar com aposentadoria especial o trabalhador  exposto a agentes nocivos químicos, físicos  e biológicos, Humberto declarou que o país deu um grande passo atrás e  retirou dos trabalhadores direitos históricos, conquistados à base de  muita luta.

Foto: Roberto Stuckert Filho

“O Congresso Nacional desrespeitou o que está previsto na  Constituição Federal, que nada mais é do que ter propiciado ao povo  brasileiro, especialmente o mais pobre, o direito de ter um sistema de  proteção social no Brasil. Estamos aprofundando um grave  quadro de pobreza e a crise econômica, que já há tanto tempo vem  castigando a população”, afirmou. “É a mais ampla, mais profunda e mais  perversa Reforma da Previdência da história do Brasil.”

O senador lembrou que a economia anunciada pelo governo será feita  80% nas costas dos mais pobres, sobre os que estão no regime geral e os  que recebem benefício de prestação continuada e abono salarial. Ele  ressaltou que a proposta será um duro golpe sobre  mais de 70% dos municípios brasileiros que vivem basicamente dos  pagamentos do INSS e que atingirá 66% dos segurados, que recebem até um  salário mínimo.

“Está aí o exemplo do Chile. O Chile que é a grande inspiração do  ministro da Economia, Paulo Guedes, que é o verdadeiro verdugo do povo  pobre brasileiro, esse discípulo de Pinochet, que quer fazer aqui no  Brasil aquilo que foi feito lá e que está levando  hoje o país a viver um ambiente de incerteza, de instabilidade, de  sofrimento, de crise social. Nós não queremos o Chile aqui no Brasil”,  avisou.

O senador lamentou que, sob o argumento de um pretenso  desequilíbrio das contas da Previdência, o governo dificultou de todas  as maneiras o acesso do trabalhador aos benefícios da Previdência  Social. Ele observou que o projeto reduz absurdamente os valores  dos benefícios, como as aposentadorias e as pensões por morte.

“Por que a única alternativa que existe para enfrentar a crise é  retirar direitos, é ampliar o empobrecimento da população, é reduzir a  sua renda? Sempre que alguém se encontra em uma dificuldade na sua casa  ou na empresa, por exemplo, busca resolver o  problema por duas maneiras: ampliando a receita e reduzindo a despesa. O  governo, infelizmente, optou apenas pelo segundo item”, criticou.

O parlamentar ressaltou que a gestão de Bolsonaro não trouxe  nenhuma proposta para fazer com que quem não paga a Previdência possa  pagar, para que aqueles que devem bilhões à Previdência possam pagar e  para fazer com que os ricos deem uma pequena contribuição  para garantir esse direito tão elementar das pessoas mais pobres.

“Aprovamos uma proposta cujo equilíbrio quer ser conquistado  somente tirando o direito de quem já tem tão poucos direitos. Não há  qualquer possibilidade de ampliação da receita da Previdência, porque o  que vai acontecer é que o trabalho já precário de  hoje, determinado pela Reforma Trabalhista, que eles diziam que iria  gerar milhões de empregos, e que não gerou nenhum, não vai permitir que  as pessoas estejam formalizadas e contribuindo com a Previdência para  ampliar a sua receita”, argumentou.