Criada para investigar a origem da produção de informações falsas e quem financia as redes sujas de mentira, calúnia e difamação no país, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista das Fake News aprovou, nesta quarta-feira (25), um bloco com 86 itens previstos na pauta. Membro do colegiado e autor de alguns dos requerimentos apreciados, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), ressaltou que todas as tentativas de obstrução dos trabalhos feitas pelo PSL fracassaram e o governo foi derrotado. 

Entre os itens aprovados estão convites para ouvir artistas alvos de fake news, como Felipe Neto, Giovanna Ewbank, Bruno Gagliasso, Taís Araújo e Carolina Dieckmann; representantes de redes sociais; especialistas em tecnologia de informação; o diretor-geral da Polícia Federal; a ex-procuradora da República, Raquel Dodge; jornalistas e mais pessoas ligadas ao tema, como o deputado Alexandre Frota, que participou da campanha digital de Bolsonaro e diz ter um dossiê para entregar à comissão sobre os dados das redes.

Medo de ter a rede suja de fake news descoberta pelas apurações da CPI tem levado o governo Bolsonaro a orientar o PSL a obstruir os trabalhos da comissão.

Senador Humberto

Humberto foi o responsável pelo convite de Caetano Veloso; Paula Lavigne, atriz, produtora e empresária; e Taís Seibt, jornalista e professora. “Hoje, aprovamos mais uma série de requerimentos que mostram a seriedade da comissão e qual caminho devemos seguir. Temos que combater fortemente essa usina de informações falsas”, afirmou.

O senador ressaltou que os requerimentos foram aprovados em meio a protestos e tentativas de protelação feitos pelos parlamentares do partido de Bolsonaro. Segundo ele, antes mesmo da reunião começar, os deputados do PSL tentaram anular a sessão. Quando começou, eles também se manifestaram aos gritos para que os trabalhos fossem impedidos. 

“Essa estratégia só demonstra para todos o nível de preocupação da sigla do presidente. Se eles não tivessem nada a temer, não estariam agindo assim – e também não teriam articulado a substituição de integrantes da comissão para que Eduardo Bolsonaro se tornasse membro. Flávio já está nela. Agora, os dois filhos do presidente com mandatos aqui no Congresso estão na CPI”, resumiu. 

A CPI mista das Fake News foi instalada no começo deste mês e vai investigar, até dezembro, conforme prevê o requerimento de criação, “os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público; a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições 2018; e a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores”. 
Além disso, prevê a apuração de cyberbullying  sobre agentes públicos e o aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio. A comissão é composta por 16 senadores e 16 deputados. Desde o dia 4 deste mês, quando foi instalada, a CPI já realizou quatro reuniões.