Um dia depois de Carlos Bolsonaro ter insinuado em suas redes sociais que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, tem envolvimento direto com o tráfico internacional de 39 quilos de cocaína no avião presidencial, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou que a denúncia é gravíssima e precisa de uma urgente e séria investigação. 

Para Humberto, tão estranho como o fato de Carlos ter apontado Heleno como responsável pelas falhas de segurança do presidente Bolsonaro e o estar relacionando com o escândalo da cocaína é o silêncio do general, que não se manifestou depois de criticado. 

“É de causar perplexidade que o general Heleno não tenha dado aquele murro que ele deu na mesa contra uma fala de Lula. Ele deveria ter dado dez após uma acusação tão grave como essa, feita publicamente por um dos filhos de Bolsonaro. E o presidente da República deveria ter se manifestado também. Tudo isso é muito estranho e precisa de uma rigorosa apuração das autoridades competentes”, afirmou. 

Foto: Roberto Stuckert Filho

De acordo com o senador, não é possível que alguém de dentro do governo, inclusive um militar da mais alta patente na ante-sala do presidente, seja acusado de crimes tão graves por pessoas tão próximas e que, até o presente momento, não tenha havido qualquer manifestação do Palácio do Planalto.

“A única coisa de que vive o governo é da autofagia. Carlos Bolsonaro, que é o responsável pelas milícias virtuais que defendem o pai e influenciou diretamente a derrubada de três ministros, dois deles generais, é quem disparou contra um outro ministro de seu pai. Não fomos nós, da oposição, que fizemos essa denúncia. Estamos diante de alguém da família do presidente e que tem acesso a informações privilegiadas da gestão do pai”, observou. 

O líder do PT no Senado avalia que a troca de acusações públicas, a paralisia e a incompetência do governo estão fazendo com que cada vez menos pessoas defendam a gestão do capitão reformado. Ele lembrou que a baixa adesão às manifestações realizadas no último domingo são a prova da impopularidade cada vez mais latente de Bolsonaro. 

“Essa é a realidade do Brasil que nós temos hoje: uma rejeição altíssima ao governo e ao presidente da República. O Brasil está parado, inerte, e a incompetência é completa. Só há uma meia dúzia de lunáticos que ainda vai à rua pedir intervenção militar e fechamento do Congresso e do Supremo, demonstrando uma radicalização perigosa apoiada pelo próprio Bolsonaro e seus seguidores hidrófobos, existentes inclusive dentro do governo”, resumiu.