Dilma anuncia amanhã, em Fortaleza, plano de combate à seca no Nordeste

Também devem ser anunciadas metas regionais a serem assumidas por 15 ministérios
A presidente Dilma Rousseff anuncia nesta quarta-feira (2/4), em Fortale­za (CE), novas medidas para o com­bate à seca no Nordeste. Entre as novas ações estão o progra­ma para a recuperação do reba­nho caprino e ovino nas regiões afetadas e melhorias no trans­porte de alimento para o gado. Também devem ser anuncia­das metas regionais a serem as­sumidas por 15 ministérios, pa­ra dar mais competitividade aos estados do Nordeste e Norte. Dilma participará da reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com a presença dos nove governadores nordesti­nos e os do Espírito Santo e Mi­nas Gerais, que também inte­gram Sudene.
No ano passado, o governo já havia anunciado seis medidas emergenciais para enfrentar a pior seca dos últimos 50 anos. Mas as ações foram considera­das insuficientes. Algumas de­las sequer chegaram a todos os municí­pios afetados. É o caso da distri­buição de milho a preços subsi­diados para alimentar o gado. A quantidade ofertada, de respon­sabilidade da Companhia Nacio­nal de Abastecimento (Conab), soma 500 mil toneladas. Mas por falhas na logística, o grão não chega aos destinos. “O grão está disponível, mas esse país tem um problema his­tórico que é a falta de infraestru- tura para o transporte. É um pas­sivo antigo que precisa ser solu­cionado”, comenta o superin­tendente da Sudene, Luiz Gon­zaga Paes Landim.
Os estados chegaram a pro­por à Conab o transporte por ca­botagem, em que os navios le­variam o grão até os principais portos, e os estados se respon­sabilizariam pelo transporte terrestre até os municípios atin­gidos. “Esperamos que esta me­dida seja adotada. Porque é a única saída para não vermos o rebanho dizimado”, diz o secre­tário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, Eduardo Salles.
Outra medida, mais estruturante, estará em discussão hoje no Planalto e poderá ser anun­ciada na reunião de amanhã é a criação de metas regionais a se­rem perseguidas por ministé­rios estratégicos — entre eles Educação, Saúde, Transporte, Ciência, Tecnologia e Inovação — para promover o desenvolvi­mento dos estados englobados pela Sudene. Para o superinten­dente da Sudene, a criação das metas irá regionalizar os orça­mentos, que vinha sendo execu­tado por um prisma setorizado. “Significa um avanço porque quebra o viés setorizado da ad­ministração pública”. As metas pretendem dar mais competiti­vidade à região.
O governo também vai pror­rogar e ampliar o Bolsa Estia­gem e o Garantia-Safra, lança­dos no ano passado, no âmbito do programa emergencial. A li­nha emergencial de crédito, operada pelo Banco do Nordes­te, será reforçada. Dos R$ 2,4 bi­lhões disponibilizados, R$ 2,2 bilhões já foram contratados. Os agricultores querem ainda a renegociação da dívida com os bancos de fomento. “No mês passado houve prorrogação de prazos, mas ficou praticamen­te limitada à agricultura fami­liar. Os pequenos e médios em­presários também sofrem per­das incalculáveis com a seca”, afirma Salles.
Fonte: Edla Lula, de Brasília, do jornal Brasil Econômico.