Após a revelação de que uma empresa espanhola responsável por disparar mensagens no WhatsApp foi contratada por empresários brasileiros para disparos em massa a favor do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a vitória do capitão reformado feriu a legislação eleitoral e que a fraude deveria ser punida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

“As eleições foram maculadas. A democracia brasileira foi capturada por um processo fraudulento. Essas ferramentas de automatização, como essas de disparo em massa, são proibidas. Eram 20 mil disparos por hora no WhatsApp, conforme o PT já havia denunciado ao TSE há mais de oito meses”, declarou.

Para Humberto, o relato do empresário espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps, em áudio conseguido pelo jornal Folha de S.Paulo, de que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa no Brasil a favor de Bolsonaro, é uma prova robusta e grave de que a disputa presidencial de 2018 foi irregular. 

Ele lembrou que o TSE analisa uma ação movida pelo PT contra as fake news da campanha do PSL desde o fim do ano passado, mas que até hoje o tribunal não se manifestou sobre o assunto. 

“As evidências de fraude nas últimas eleições só aumentam. Hoje, a revelação do proprietário dessa empresa espanhola só comprova isso. Foram feitos disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro. A legislação brasileira autoriza que campanhas oficiais façam apenas contratação para impulsionamento de conteúdo e determina a proibição de financiamento de campanha eleitoral por empresas, direta ou indiretamente”, ressaltou. 

Humberto acredita que houve um brutal desrespeito às normas da disputa e os empresários brasileiros que fizeram indiretamente essa doação à campanha de Bolsonaro cometeram um crime. 

“Essas mensagens políticas espalhavam fraudes e mentiras sobre Fernando Haddad, de que ele, quando ministro da Educação, teria criado o kit gay e outras coisas mais, como aquela história de mamadeira, coisa que faz até mal a gente falar. Essas fake news foram responsáveis pela vitória do presidente da República que aí está”, argumentou.

O parlamentar avalia que o TSE errou ao não tomar nenhuma providência contra o disparo em massa de fake news nas redes sociais durante a campanha eleitoral e agora comete mais um equívoco ao demorar para dar uma resposta sobre o que aconteceu no pleito, a partir de uma ação movida pelo Partido dos Trabalhadores. 

“O TSE foi capaz de desistir de inquirir um dos donos de empresa que provavelmente pagou por esse impulsionamento, por esses disparos de WhatsApp, contendo mentiras e calúnias, depois de procurá-lo por três vezes em seu endereço e não conseguir encontrá-lo. Eu nunca tinha visto isso”, criticou.