Erros políticos levaram a mortes em Mariana e Paris, diz Humberto

 Humberto: Paris e Mariana estão ligadas por tragédias em que vidas foram trocadas por interesses menores. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado
Humberto: Paris e Mariana estão ligadas por tragédias em que vidas foram trocadas por interesses menores. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado

 
As cidades de Mariana e Paris estão intimamente ligadas por tragédias em que vidas foram trocadas por interesses menores, irrigados por cifras bilionárias. A avaliação é do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que lamentou nesta terça-feira (17), em discurso na tribuna do plenário, as mortes por conta do rompimento da barragem de Fundão em Minas Gerais e dos ataques terroristas na capital francesa.
O parlamentar cobrou uma profunda reflexão de todos que possa levar a ações positivas concretas, a fim de assegurar que o planeta e a humanidade não sejam mais submetidos a eventos trágicos dessa natureza. Para ele, os dois casos não aconteceram por acaso nem por causas isoladas, mas por uma cadeia de fatos que desembocaram nesses desastres aos quais a população assistiu aterrorizada nos últimos dias.
Humberto avalia que os ataques terroristas nas mais diversas partes do mundo são resultado de uma abordagem geopolítica mundial errada e antiga, que resulta no surgimento de guerras insanas e de novas organizações criminosas. Em relação à Mariana, o parlamentar acredita que os negócios da empresa privada na exploração do minério de ferro se sobrepuseram aos interesses do próprio homem e do meio ambiente.
“A economia e os negócios são importantes na geração de riquezas, mas, se as suas práticas não forem submetidas a regras sociais éticas e mais rígidas, vamos gerar mais destruição humana e ambiental de todos os modos”, disse o senador.
Segundo ele, não é possível aceitar ações terroristas deliberadas, assim como não é possível tolerar ações que – não sendo formalmente enquadradas como tal – possam impingir tanta dor e tanta destruição como em Mariana. “Vimos na cidade mineira uma outra face do terror com a qual nós temos que lidar no mundo atual, um terror que vitima seres humanos e também destrói nosso planeta”, afirmou.
O parlamentar ressaltou que o drama humano e ambiental provocado pelo acidente em Mariana não tem precedentes na história. “É o maior do planeta em material despejado por barragem de rejeitos de mineração, em que 62 milhões de metros cúbicos de lama desse tipo foram lançados sobre o rio Doce, provocando uma devastação aterradora”, observou.
Paris
Em nome de toda a bancada do PT, Humberto demonstrou a mais profunda solidariedade ao povo-irmão da França. Segundo ele, os atentados da última sexta-feira em Paris foram um ato de terror abominável perpetrado contra os valores mais profundos da humanidade.  “Foi uma agressão cometida contra cada um de nós, que deve ser repelida e firmemente combatida. Mas não podemos agasalhar a ideia de que só um lado foi ferido. Não. Foi ferida toda a humanidade”, comentou.
Segundo ele, é preciso deixar de lado essa falsa polaridade entre Ocidente e Oriente, entre cristãos e muçulmanos. O parlamentar acredita que “todos nós fomos atacados em Paris, da mesma forma como somos atacados pelo drama humanitário em curso no Oriente Médio, especialmente na Síria, onde uma guerra civil insana, apoiada por uma série de potências mundiais, já tirou a vida de mais de 250 mil pessoas”.
“Não haverá um mundo seguro enquanto não houver respeito à autonomia dos povos e enquanto os interesses corporativos e geopolíticos de algumas nações prevalecerem sobre a soberania de outras, abençoando ou depondo governos quando lhes convêm”, observou.
O líder do PT avalia que as grandes potências precisam reconhecer os erros de uma política que vem “segregando, humilhando e matando milhões de seres humanos durante décadas, especialmente na África e no Oriente Médio”.
O senador pensa que a população não deve ceder ao medo nem se afastar dos princípios fundamentais da democracia. Segundo ele, o que tem de mudar é a forma como muitas potências têm agido no tabuleiro mundial. “Essa política só tem servido a que criminosos se apropriem de religiões e de povos para, em seu nome, cometer os mais horrendos crimes contra a humanidade, tentando dar a eles uma legitimidade que não têm”.