A paralisação do fornecimento de água no Eixo Leste da Transposição do
Rio São Francisco, há cerca de seis meses, levou o líder da Oposição no Senado,
Humberto Costa (PT-PE), a acusar o governo Jair Bolsonaro de, mais uma
vez, discriminar o Nordeste. Segundo o parlamentar, há um descaso do governo
com a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil. O projeto pretende
beneficiar 7,1 milhões de pessoas de 223 municípios do Nordeste.
A interrupção no abastecimento ocorreu em Monteiro, primeira cidade da Paraíba
a receber as águas da transposição, em março de 2017. Mas, desde o final de
fevereiro deste ano, os moradores da região só recebem água em casa por meio de
caminhões-pipa.
“A discriminação contra o Nordeste permanece agora no que diz respeito à Transposição do Rio São Francisco. Com a obra, pessoas que convivem com a dura realidade da seca passaram a viver com mais dignidade. Mas Bolsonaro parece determinado a destruir tudo o que temos de bom. O governo alega que é um problema técnico, mas, na verdade, é mais uma demonstração do descaso com que Bolsonaro trata os nordestinos”, afirmou o senador.
Humberto também criticou a possibilidade de privatização da Transposição,
ventilada pelo governo Jair Bolsonaro. “O governo diz que não vai haver
investimento público em obras que tenham como finalidade o abastecimento de
água no Nordeste e defende um processo de privatização. Mas é importante
lembrar que, se houver a privatização, com toda a certeza, quem vai pagar essa
conta é a população do semiárido. E isso vai impactar diretamente no custo de
vida e na economia de uma região já tão sofrida. Mas não vamos permitir. Vamos
estar na luta contra mais essa tentativa de ataque ao povo do
Nordeste”, afirmou.
O senador ainda criticou o governo por cortar linhas de financiamento para a
região. Segundo levantamento, apenas 2,2% dos empréstimos realizados pela Caixa
Econômica Federal foram concedidos ao Nordeste na gestão de Bolsonaro. “O
corte da Caixa Econômica vem de uma determinação do Governo Federal. Em um momento
de dificuldade, de recessão, em que o Nordeste vem sofrendo na pele, a falta de
investimentos significa privar o povo nordestino de recursos necessários para o
desenvolvimento da região. É mais uma ação cruel e discriminatória do
presidente”, sentenciou.