Humberto Costa: transposição do São Francisco é verdadeira revolução no Nordeste


Relator da Comissão Externa do Senado que acompanha o programa da transposição e revitalização do Rio São Francisco, o senador Humberto Costa (PT-PE) visitou, na semana passada, alguns canteiros de obras desse projeto que ele classifica como “uma revolução”, pelos impactos sociais e econômicos que terá no Nordeste e no Brasil. “É um projeto que vai melhorar profundamente a qualidade de vida do povo da região, com grandes repercussões no desenvolvimento do País”, avalia.
No último sábado, após a conclusão das visitas — acompanhadas também pelo ministro da integração Regional, Fernando Bezerra, e pelo presidente da Comissão Externa, Vital do Rêgo (PMDB-PB) — Humberto falou a Liderança do PT no Senado sobre suas expectativas com a Transposição do Rio São Francisco e as perspectivas do trabalho da Comissão.
PTnoSenado- Senador, qual foi a impressão geral sobre o andamento das obras visitadas?
Toda a comissão ficou muito satisfeita com o que viu. Ficou muito evidente que o trabalho avança num bom ritmo, que as frentes de trabalho estão atuando, o que é muito importante, dado a grandiosidade da obra, a maior intervenção hídrica já realizada no Sertão Nordestino, e o significado que ela tem, não só para o Nordeste, mas para o Brasil.
Tivemos a oportunidade de visitar o túnel Cunca I, em São José de Piranhas (PB), que é uma obra de grande magnitude, num trecho fundamental para o conjunto das intervenções. A perfuração é feita na rocha maciça, avançando cerca de quatro metros por dia. Um terço do túnel já está concluído [cerca de 5 quilômetros] e, quando estiver pronto, serão 15 quilômetros de extensão. Do outro lado da rocha [em Mauriti, no Ceará], também visitamos o Cunca II, de 4 km de extensão, já praticamente finalizado. Quando completos, os dois túneis juntos serão os maiores da América Latina para transporte de água.
Também estivemos na Barragem de Jati,no Ceará, visitamos a Estação de Bombeamento próxima a Salgueiro (PE) e as obras em Cabrobó (PE).
Como a Comissão Externa está estruturada para acompanhar as obras e qual a contribuição que esse instrumento legislativo pode dar ao projeto?
A Comissão foi instalada em novembro de 2012, com a previsão de funcionar por um ano, embora esse prazo seja prorrogável. Nossa expectativa é de voltar à região a pelo menos cada dois meses, para avaliar o andamento das obras — em abril, por exemplo, devemos retornar o outro eixo da transposição. Mas não é só isso. O mais importante é acompanharmos a definição de um processo de gestão da água, que garanta efetivamente o abastecimento para todos, e que não perca de vista a sustentabilidade desse projeto.
Até começar a sair do papel, o projeto da Transposição do São Francisco chegou a “rachar” o Nordeste, enfrentando forte oposição de estados banhados pelo leito natural do Rio, como a Bahia, Sergipe e Alagoas, e recebeu muitas críticas de ambientalistas. Já é possível dizer que a polêmica está superada?
Quando a primeira etapa da obra estiver concluída, em 2014, o Nordeste contará com 100 quilômetros de canais de distribuição de água, o que vai alterar radicalmente a vida na região, pelas alternativas econômicas que irá permitir. Eu acredito que as polêmicas em torno da obra já estão superadas, e que o projeto mostra sua viabilidade e sua sustentabilidade. As ações de revitalização do leito natural do rio já permitem constatar que ele hoje tem uma vazão maior que antes do início das obras.
A Transposição tem estimulado a atividade de pesquisa científica e tem tido um rigoroso acompanhamento dos órgãos ambientais. Eu vejo a transposição do São Francisco se consolidando como referência para outras obras de grande magnitude que o País vá realizar no futuro.
E o cuidado não é só no campo ambiental, onde as compensações têm sido garantidas. A pesquisa arqueológica e a preocupação com a preservação do Patrimônio Histórico e Artístico são exemplos a serem seguidos. A Universidade do Vale do São Francisco vem se afirmando como referência em pesquisas, o que também é um ganho para a região. E não vamos esquecer que dos R$ 8 bilhões estimados para o custo da obra, R$ 1 bilhão estão sendo gastos nas compensações e pesquisas nas áreas ambiental e social.
Em abril deste ano completam-se 20 anos da realização da Caravana da Cidadania, da qual o senhor foi um dos coordenadores. O Nordeste revelado por aquela iniciativa do presidente Lula era uma região miserável, mas que já mudou profundamente. Como a transposição do São Francisco vai contribuir para consolidar essa mudança de patamar?
Para o Nordeste e para o Brasil, a transposição é uma redenção. É um projeto que vai permitir a fixação das pessoas em seu território, vai assegurar o desenvolvimento econômico e social, a industrialização. A transposição é uma revolução que vai ter impacto profundo na realidade do País. A decisão de tirar a obra do papel é a decisão de quem tem visão de Estado e vai consolidar definitivamente essa mudança que a gente já sente na qualidade de vida do povo Nordestino.
Fonte: PT no Senado.
Fotos: Natália Kozmhinsky.