Em depoimento aos senadores na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira (19), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixou de responder a várias perguntas feitas pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que chegou a sugerir ao ex-juiz que peça demissão do cargo por não ter autoridade para comandar a Polícia Federal (PF) diante das graves denúncias que lhe pesam.

Humberto, um dos primeiros a chegar à CCJ e a fazer questionamentos ao ministro, afirmou que Moro atropelou o Código de Processo Penal ao obstruir a Justiça, estimular o Ministério Público (MP) a prevaricar, mandar trocar procuradores nas audiências, adiantar decisões ao MP, indicar testemunhas, levantar sigilos à imprensa, cobrar a realização de operações como se fosse o chefe da Lava Jato e escolher quem seria investigado.

“Senhor ministro, depois de ter enganado milhões de brasileiros, é hora de ter humildade e pedir demissão. Não cabe uma pessoa com as acusações graves como essas ser o chefe da PF. Peça desculpa ao povo brasileiro. Busque aquilo que possa ter feito de positivo, mas peça desculpa, inclusive por ter cassado o voto de milhões de brasileiros, que queriam eleger outro presidente da República, que está preso lá em Curitiba, e não este, que aí está”, declarou. 

Diante dos comentários e perguntas, Moro preferiu fugir. Em vez de responder os questionamentos, ele disse: “senador, desculpe-me. As afirmações são bastante ofensivas. Eu vou declinar de responder”. Humberto lamentou o comportamento do ministro e criticou, também, a memória seletiva dele diante de tantas acusações. 

Em seu tempo de fala, Humberto ainda aproveitou para sugerir ao ex-juiz, que questiona a autenticidade das mensagens divulgadas e diz que não tem como comprová-las por ter deixado de utilizar o aplicativo Telegram, que peça a Dallagnol que entregue o celular dele à Polícia Federal para tentar provar que o conteúdo é falso. 

“O senhor se caracterizou por dizer que era imparcial, não seletivo, investigava os fatos e não as pessoas e que a lei é para todos. No entanto, o senhor falou textualmente que era ruim politicamente investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O senhor estava a serviço de um projeto político? Qual o projeto político está a serviço agora?”, disparou. 

O senador também defendeu o trabalho do criador do The Intercept, Glenn Greenwald, dos ataques feitos por Moro de que se trata de um site sensacionalista, lembrando que o jornalista recebeu o maior prêmio do jornalismo mundial enfrentando as agências de investigação e de espionagem americanas.

“Não tem sensacionalismo maior do que o que senhor fez durante a Lava Jato, com constrangimento de pessoas, presença da imprensa em ações de prisão, de busca e apreensão, entre outros absurdos. É o veneno sendo aplicado a quem o criou? Ou, na verdade, estamos vendo o senhor não ter a mesma postura que teve em relação aos demais?” observou.

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Fotos: Roberto Stuckert Filho