Foto: Roberto Stuckert Filho

Integrante da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), denunciou, nesta segunda-feira (26), os crimes cometidos por Jair Bolsonaro em relação ao meio ambiente, que possibilitaram um aumento expressivo de queimadas na Amazônia, e cobrou uma dura medida por parte do bloco contra o presidente brasileiro.

Para Humberto, Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao afrouxar as regras de crimes ambientais, desacreditar órgãos competentes, demitir cientistas renomados e apontar ONGs ligadas à preservação da floresta e ambientalistas como culpados pelas queimadas. 

“O grande responsável pela maior crise ambiental da história do Brasil se chama Jair Bolsonaro, por suas ações, ideias e visão sobre o tema. Já na campanha eleitoral, ele dizia que as riquezas naturais da Amazônia deveriam ser exploradas, que não demarcaria mais nem um centímetro de terras indígenas e que os índios precisavam trabalhar”, afirmou.  


No discurso aos colegas parlamentares, na sede do Parlasul, em Montevidéu, no Uruguai, o senador lembrou que a presença dos povos originários nas terras demarcadas é justamente a maior garantia contra o processo de devastação da floresta.

“É indissociável lutar pela Amazônia e denunciar esse governo criptofascista do Brasil. Um governo que odeia a natureza, os índios e condena as políticas de direitos humanos. O Parlasul não pode se omitir a tudo isso”, disse.

Foto: Roberto Stuckert Filho

O parlamentar ressaltou que o governo Bolsonaro também foi omisso ao não tomar qualquer atitude em relação ao plano de fazendeiros de queimar a Amazônia. Chamada de “dia do fogo”, a ação foi previamente avisada pelo Ministério Público à gestão do capitão reformado, que nada fez. 

“Essa é a triste realidade do Brasil hoje. Essa tragédia não acontece por causas naturais, mas sim por ação do homem. E quem incendeia a mata, a partir dos estímulos de Bolsonaro? São maus produtores rurais, em nome do lucro e do dinheiro, que desconhecem o benefício da preservação das riquezas da floresta; são garimpeiros, que exploram ilegalmente riqueza minerais; e grileiros, que adquirem terras que não os pertencem com base na violência”, resumiu.

Humberto ainda questionou a reação tardia do Estado brasileiro, que, segundo ele, só admitiu que a situação era grave depois que a Nasa demonstrou a progressão do processo de desmatamento por imagens de satélite, assim como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já havia alertado. 

De acordo com o líder do PT no Senado, o argumento usado pelo governo de que o Brasil é soberano, para escapar de críticas externas, é pura falácia.

“A mata é nossa e nós podemos deixar queimá-la? Mas a Petrobras e pré-sal também são nossos. Como eles são oferecidos a todo mundo a preço de banana? Cadê a soberania nacional nessa hora? A gente quer ter soberania sobre a Amazônia não para destruí-la, mas para preservá-la”, explica. 

Humberto pediu ajuda aos colegas parlamentares para denunciar os responsáveis pelo desmatamento no Brasil e para conseguir reunir condições materiais para debelar a crise. Ele fez questão de registrar que Bolsonaro conseguiu brigar com a Noruega e a Alemanha e, assim, fez o Brasil perder dinheiro para a preservação da Amazônia.

“O Parlasul não pode fazer de conta que não tem nada a ver com tudo isso”, concluiu.