Foto: Roberto Stuckert Filho

Um dia depois de o governo divulgar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020, que vai pôr fim à política de valorização real do salário mínimo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou a medida, que afetará diretamente 48 milhões de brasileiros, e questionou a intenção de Bolsonaro. O senador acredita que o Congresso Nacional vai derrubar a proposta e evitar mais esse retrocesso do Palácio do Planalto.

“Só alguém com uma cabeça mesquinha e insensível como Bolsonaro poderia propor uma vilania dessa natureza. É a mesma cabeça, aliás, que retirou a possibilidade de reajuste aos servidores civis, e manteve aos militares, que acabou com os concursos públicos até 2021 e que quer jogar 70% dos alegados ajustes da previdência em cima das costas dos trabalhadores e dos mais pobres”, disparou.

Para Humberto, trata-se de mais um duro golpe que derrubará mais de uma década de valorização do salário mínimo, iniciativa responsável por conceder o sagrado direito de manutenção do poder de compra dos mais pobres frente às crises econômicas do país.

“Com um ato tacanho, Bolsonaro acaba com a política instituída por Lula e normatizada por Dilma de dar ganhos reais ao salário mínimo, criada com a finalidade de promover um crescimento do poder aquisitivo do trabalhador e a consequente melhoria do seu padrão de vida”, resumiu.

O parlamentar avalia que a iniciativa é um absurdo, atenta contra importante conquista dos trabalhadores, vai impor mais sacrifícios e ampliar ainda mais a miséria num país de 55 milhões de pobres.Ele ressaltou que dados do Dieese demonstram que, graças a essa política de Lula e Dilma, o salário mínimo subiu 283% de 2005 a 2019, ao passo que a inflação no mesmo período foi de 120%.

“Ou seja, uma trabalhadora, um trabalhador, um aposentado que recebe o piso do INSS, ganha hoje, graças a Lula e a Dilma, o valor de R$ 998. Mas, se essa regra que Bolsonaro assinou valesse desde lá de trás, estaria ganhando atualmente só R$ 573. Algo inimaginável”, comentou. Ele observa que o trabalhador ou o aposentado que hoje ganha um salário mínimo de R$ 998 perderia R$ 425 pela regra de Bolsonaro.

“É um atentado contra a própria dignidade humana. Nos últimos 14 anos, quem ganhou em cima do salário mínimo acumulou aumento real de 74%. É isso que Bolsonaro quer acabar para jogar o povo na miséria. É mais uma medida diretamente contra os mais pobres, como a reforma da Previdência”, resumiu.