Humberto Costa questiona eficácia do modelo adotado pela CPI do Cachoeira


Um depoente que se recusa a falar nem sempre é garantia de uma sessão tranquila. Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira –, não esperavam que a testemunha do dia, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM/GO) se manifestasse. Mas também não esperavam o bate-boca que dominou os trabalhos nesta quinta-feira (31/5).
Depois da confusão, o senador Humberto Costa (PT-PE), que é relator do processo no Conselho de Ética que investiga o senador goiano por suposta quebra de decoro parlamentar, disse que o tumulto pode ser a deixa para que, futuramente, o Congresso Nacional avalie novos mecanismos de investigação por parte dos parlamentares que integram uma CPI. “Essa situação deve servir para analisarmos, no futuro, se o instrumento CPI é a maneira mais adequada de se fazer uma investigação, de esclarecer à população aquilo que ela precisa saber sobre qualquer fato. Vamos ter a oportunidade de pensar posteriormente em projetos de lei que possam mudar regras de funcionamento do parlamento”, avaliou Humberto.
Humberto Costa também avaliou como “inadequada” a recusa de Demóstenes em prestar esclarecimentos na CPMI. Para ele, as situações do senador goiano no Conselho de Ética e na CPMI são diferentes. “No Conselho de Ética ele respondeu como réu e sobre questões que dizem respeito a ele. A convocação para a CPMI era para que, como testemunha, ajudasse a desvendar coisas relativas ao funcionamento dessa organização”, disse Humberto.
“O fato de ter ficado calado não altera em nada a situação dele. Apenas perdeu uma oportunidade de mais uma vez utilizar um espaço público, falando para seus pares, e reforçar a tese de sua defesa. Ele abdicou disso”, avaliou.
O senador pernambucano ainda mostrou-se incomodado com a sessão de quase descambou para o pugilato. “Entendo que qualquer pessoa, seja um parlamentar, um bandido perigoso, precisa ser respeitado pelos integrantes da CPI. Aqui não é um tribunal para se fazer vingança. Aqui é um espaço para se fazer justiça. E a justiça para ser feita, precisa obedecer a certas regras. Há algum tempo, alguns parlamentares têm se excedido e agredido verbalmente testemunhas, acusados e os próprios colegas parlamentares. Isso vende uma imagem ruim da CPI e creio que esse episódio pode servir de referencia para que não aconteça mais”.
Mesmo com as críticas ao andamento da Comissão, Humberto credita que a CPI pode ser útil para a sociedade. “Se a CPI mantiver o foco em Carlinhos Cachoeira e em suas relações com as instituições de Estado, vai poder desvendar coisas que podem ampliar a transparência do Estado e imunizá-lo cada vez mais contra a corrupção, tráfico de influência e outras práticas ilegais”, argumenta Humberto.
Fonte: da Liderança do PT no Senado.
Foto: André Corrêa / Liderança do PT no Senado.