Senadores cobram do presidente do Banco Central diminuição dos juros no Brasil


O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, apresentou à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (5/7), um quadro de “evolução positiva” do País, com inflação em queda, elevação da classificação de risco da dívida soberana, redução da pobreza, aumento da oferta de empregos e maior mobilidade social. Mas também foi obrigado a ouvir um questionamento de vários senadores: por que um país que exibe melhorias econômicas e sociais tão importantes ostenta uma das mais altas taxas de juros do planeta?
Tombini compareceu à CAE para fazer balanço trimestral da economia. Segundo ele, a evolução positiva do país contrasta com a situação internacional. Entre os principais problemas externos, conforme sua avaliação, estão o crescimento insuficiente da economia dos Estados Unidos e a crise das dívidas de países da União Europeia, como a Grécia, cuja situação está sendo avaliada como de colapso.
Citando um artigo do economista Octavio de Barros no jornal Valor Econômico, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) questionou o fato de o país estar em companhia de economias menos dinâmicas do que a brasileira, como as do Paquistão e da Venezuela, na questão das taxas de juros.
Com base em dados de Octavio de Barros, o parlamentar disse que o serviço da dívida pública brasileira consome anualmente mais de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) – relação que, em outros países, situa-se na faixa de 1,8% a 1,9%.
BNDES – O senador José Agripino (DEM-RN) apontou incoerência no Executivo: ao mesmo tempo em que anuncia corte de R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano, baixa uma medida provisória – MP 526/11 – que autoriza aporte de R$ 55 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Como o governo não tinha esse dinheiro, tanto que fez o corte de gastos de R$ 50 bilhões, buscou-o na emissão de títulos. Esse dinheiro está sendo captado a 12% ao ano e repassado ao BNDES para aplicação a 6% ao ano. Onde vai parar isso? No aumento da dívida interna”, afirmou.
O mais grave, conforme José Agripino, é que o BNDES aplica esse dinheiro em iniciativas meritórias e também em projetos discutíveis, como o da fusão dos grupos Pão de Açúcar e Carrefour. O crescimento da dívida pública, na avaliação do senador, é um dos fatores responsáveis pelas taxas de juros elevadas cobradas do consumidor brasileiro.
Redução do investimento – Também a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) culpou as taxas de juros pelo empobrecimento da população brasileira e disse que elas reduzem a capacidade de investimento do Estado. A parlamentar perguntou a Tombini quando o Brasil terá taxas de juros compatíveis com as da maioria das economias mundiais.
Em resposta aos senadores, o presidente do Banco Central disse que há “uma clara tendência” de redução das taxas de juros, mas que isso está sendo feito de “forma sustentável”. Acrescentou que no futuro – sem especificar em que momento – não haverá razão para o país ter taxas tão diferentes das cobradas em outros países.
Quanto à dívida pública, Tombini disse que a situação não é preocupante. A dívida líquida, que correspondia a 60,4% do PIB em 2002, está em 39,8% do PIB, conforme as projeções para este ano. A audiência pública foi presidida pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Fonte: Agência Senado.