Foto: Roberto Stuckert Filho

Dois dias depois das manifestações pró-governo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou os pedidos de fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), “estimulados por Bolsonaro”, e classificou como “muito oportunista” o fato do presidente incitar a violência contra o sistema em que ele se originou e viveu por décadas.

O senador afirmou que, melhor do que armar um café da manhã com outros chefes de Poderes para fingir normalidade, como fez na manhã desta terça-feira (28), Bolsonaro deveria mandar as suas milícias virtuais pararem de atacar as instituições e os membros dos Poderes da República, pois esses atos não levam a nada. 

“Um pacto tem de ser fechado é com toda a sociedade, em seus mais diversos matizes. Não é somente entre chefe de Poderes e, muito menos, tendo o presidente da República como condutor, ele que estimulou esses ataques institucionais, e, menos ainda, tendo essa armada manifestação pró-governo como pano de fundo para esse acordo”, disparou. 

Para Humberto, os ataques promovidos nas ruas pelos manifestantes contra o Centrão, “reunião de partidos absolutamente desconhecida do brasileiro comum, mas que surgiu como carro-chefe da manifestação”, é a prova cabal das digitais de Bolsonaro na instrumentalização dos atos. 

“Bolsonaro passou as últimas semanas acusando o Legislativo de não lhe deixar governar, como se realmente se empenhasse para tal. Ele só omitiu que o Congresso Nacional que hoje ele ataca é o mesmo em que passou 28 anos, depois de ter se aposentado do Exército aos 33 anos”, declarou. 

O senador ressaltou que o presidente só esqueceu de dizer aos seus seguidores que o Centrão, apontado como a origem de todo os males do seu governo, é formado por partidos aos quais Bolsonaro mesmo foi filiado por mais de 20 anos. 

Humberto avalia que o pacto proposto por Bolsonaro com os outros chefes de Poderes para tentar normalizar a situação é pura balela e jogo de marketing – que só cai quem quer. Ele lembrou que, há duas décadas, Bolsonaro defendia abertamente o fechamento do Congresso e a morte do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

“De lá para cá, ele repetiu isso diversas vezes. Hoje presidente, só tirou do discurso a proposta de matar o chefe do Executivo. Por razões óbvias. Mas segue jogando seus seguidores contra a Câmara, o Senado e o Supremo, numa clara demonstração de desapreço ao regime democrático. Ele não sabe lidar com o contraditório, com a oposição, com negociação. É autoritário e ditatorial”, disparou.

O líder do PT no Senado entende que, em vez de buscar se esconder na rede de linchamento virtual suja, por onde Bolsonaro transitou durante todo o período eleitoral, ele precisa entender que não está mais em campanha e necessita de propostas ao povo. 

“Ele tem de oferecer aos brasileiros soluções para os altos índices de desemprego, para a queda de renda, para a depressão econômica em que o país está às bordas de entrar. É disso que precisamos. É isso que, na próxima quinta-feira, dia 30, a população vai voltar às ruas em todo o Brasil para cobrar. Haverá novos protestos nacionais em defesa da educação”, finalizou.

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