Foto: Roberto Stuckert Filho

Organizador do livro O Brasil Holandês, lançado no último sábado na XIV Bienal Internacional, o senador Humberto Costa (PT) esteve, nesta terça-feira (17), na Embaixada da Alemanha, em Brasília, para tratar de um projeto de caráter histórico, turístico e cultural em favor de Pernambuco. O parlamentar pediu à representação germânica o traslado dos restos mortais do príncipe João Maurício de Nassau para o estado, com a finalidade de integrá-los ao conjunto arquitetônico da rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife.

Contratado pela Companhia das Índias Ocidentais, Nassau foi governador-geral do Brasil Holandês entre 1637 e 1643. Alemão, ele era um conde integrante da Casa de Orange e veio para Pernambuco com a maior missão artística e científica a cruzar a Linha do Equador até então. Trouxe pintores, como Frans Post e Albert Eckhout, arquitetos, astrônomos, naturalistas, que mudaram a paisagem do Recife e legaram empreendimentos, como o primeiro observatório astronômico das Américas. A liberdade religiosa assegurada por Nassau, nesse período, trouxe um grande número de judeus da Europa para Pernambuco, onde fundaram,  na rua do Bom Jesus, antiga rua dos Judeus, a primeira sinagoga das Américas, que hoje busca reconhecimento como patrimônio histórico e artístico nacional e como patrimônio mundial junto à Unesco.

“Estamos trabalhando nesse processo da Kahal Zur Israel e, tendo em conta a imensa contribuição de Nassau ao desenvolvimento das artes, da ciência, da economia, da arquitetura do nosso estado, pensamos que trazer os seus restos mortais ao Recife, na ideia da construção de eventual mausoléu, integrado a um conjunto cultural com a sinagoga, que sirva como referência à reflexão histórica sobre esse período”, disse o senador.

Recebido pelo chefe da Chanceleria alemã, Wolfgang Bindseil, e pela conselheira Claudia Seidler, o senador vai dar sequência aos entendimentos com o cônsul-geral da Alemanha no Recife, com a Embaixada dos Países Baixos e com o próprio Ministério das Relações Exteriores, para que a Embaixada do Brasil em Berlim faça os contatos necessários com as autoridades alemãs à viabilização.

Nassau não teve herdeiros. Morreu em 1679, em Cleves, na Alemanha, e, após um período, a família pediu o traslado dos seus restos mortais para a cidade de Siegen, também na Alemanha, de onde parte dos seus ancestrais era originária. Em 2024, ocorrem os 400 anos da primeira incursão holandesa sobre o território da colônia, havida na Bahia, e terminada em 1625. Cinco anos depois, em 1630, os neerlandeses tomaram Pernambuco e promoveram uma ocupação que durou 24 anos. Também no ano que vem, a Alemanha comemora os 200 anos do início da imigração germânica no Brasil.