Um enclave holandês no coração da América portuguesa. Um conde da Casa de Orange que chega para governar Pernambuco com a maior missão científica a cruzar a Linha do Equador. Uma insurreição organizada por gente da terra para expulsar o invasor neerlandês depois de quase um quarto de século de ocupação. Reflexões sobre esse período fundamental da história do Brasil foram reunidas pelo senador Humberto Costa em um livro que será lançado no próximo dia 14 de outubro, às 15h, no Espaço Diálogos, da XIV Bienal Internacional do Livro do estado.

O Brasil Holandês (Senado, 2023) é uma obra nascida no contexto da primeira incursão batava sobre o território brasileiro, que completa 400 anos em 2024. Ocorrida em 1624, na Bahia, a malfadada experiência chegou ao fim no ano seguinte. Em 1630, no entanto, a Companhia das Índias Ocidentais, organizada pelos Países Baixos, de posse da maior esquadra a transpor até então o equinocial, ataca e toma Pernambuco, dando início a um período de 24 anos de dominação.

“Esses quatro séculos da primeira invasão abrem uma enorme oportunidade para pensarmos sobre o tema, refletirmos sobre a formação da identidade nacional, as tantas repercussões havidas sobre a nossa história por essa ocupação holandesa. Espero que este livro provoque boas discussões em Pernambuco, nos mais diversos segmentos sociais, sobre esse período tão emblemático da nossa trajetória”, explicou o senador.

O livro tem textos de especialistas sobre o tema, como Evandro Cabral de Mello e Leonardo Dantas Silva, de membros da comunidade judaica do Recife, entre outros. A cidade, com a chegada dos holandeses e a relativa liberdade religiosa, recebeu incontáveis judeus, especialmente vindos de Amsterdã, que enxergavam em Pernambuco o lugar em que podiam fundar a Jerusalém dos Trópicos, e ali criaram a primeira sinagoga das Américas.

A obra se propõe, no cenário dos 400 anos da primeira invasão, a abrir um debate sobre o legado do período holandês, com tantas marcas deixadas em Pernambuco, que vão desde o pioneirismo das obras e o desenvolvimento artístico e científico, como a criação do primeiro observatório astronômico do continente americano, à chaga da escravidão humana de que se aproveitaram os neerlandeses, especialmente a de negros e indígenas. Um período que, sobretudo, ainda está muito vivo no imaginário dos pernambucanos sobre o como teria sido se os invasores houvessem vencido e continuado, particularmente o governo de Maurício de Nassau.

O lançamento do livro contará com uma conversa com especialistas sobre o tema, entre eles o historiador Leonardo Dantas Silva, e terá mediação do jornalista Evaldo Costa, e será seguido de uma sessão de autógrafos. A obra será distribuída gratuitamente ao público. No mesmo dia, às 17h, Humberto lança, no Espaço Círculo das Ideias, o livro A política contra o vírus – Bastidores da CPI da Covid, juntamente com o senador Randolfe Rodrigues (sem partido – AP), líder do Governo Lula no Congresso.