Em visita ao Recife nesta segunda-feira (8/8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aconselhou, em palestra de cerca de uma hora proferida aos empresários da 31ª Convenção Anual do Atacadista Distribuidor e Sweet Brazil International, realizada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD) no Centro de Convenções do Estado, que os brasileiros continuem consumindo de forma consciente para evitar que a crise da Europa e dos Estados Unidos cheguem ao País. “Acho que o povo brasileiro vai precisar continuar consumindo com responsabilidade, muita responsabilidade. Porque ninguém pode fazer dívida que não pode pagar. A pessoa que contrair uma dívida que não pode pagar será uma pessoa que vai quebrar. Não quer que ninguém quebre”, afirmou.
Lula pediu que, se possível, o brasileiro ainda faça uma poupança para “ajudar no desenvolvimento” da economia. “Quero que as pessoas consumam aquilo que é necessário, com muita responsabilidade, que não comprem nada que seu pagamento não permitir que pague. É preciso combinar uma nova prestação com o feijão e arroz que vai levar para casa. E, se for possível, ainda com uma poupançazinha para ajudar ainda mais no desenvolvimento da economia brasileira”, disse o ex-presidente.
Ao lembrar que foi o incentivo ao consumo que salvou o Brasil durante a crise mundial de 2008, Lula incentivou os países europeus e os Estados Unidos a consumir. “É importante que o consumo seja reativado nesses países porque até agora eu só estou vendo eles discutirem como salvar os bancos. E o consumo, que vai girar a economia, estão falando muito pouco”.
Lula também estimulou parcerias com outros países para continuar promovendo o crescimento da economia brasileira. “O Brasil, com as novas parcerias, sobretudo na América do Sul, na África, no Oriente e com a China, vai continuar crescendo. O Brasil tem clareza que os investimentos já estão programados e a presidente Dilma, com a mesma responsabilidade que ela cuidou do PAC 1 (Programa de Aceleração do Crescimento), vai cuidar do PAC 2”. E se comprometeu a continuar ajudando a sua sucessora, Dilma Rousseff (PT). “Eu vou estar de fora tentando ajudar naquilo que for necessário”, afirmou. Assista abaixo a pequeno trecho da palestra no Recife:
PALESTRA – Durante a palestra de 58 minutos que deu para um Teatro Gurarapes que sequer foi preenchido pela metade, Lula falou sobre os números positivos que subiram em seu governo e prometeu desempenho ainda melhor com a atual gestão. “Esse País não vai jogar fora o século 21 como jogamos o século 20. As pessoas não querem retroceder. A presidente Dilma vai reforçar ainda mais (a economia)”, bradou.
Lula começou afirmando que, enquanto presidente, fez mais do que prometeu nos dois pleitos que o elegeram. “Quem quiser saber o que fizemos é só pegar nosso programa de governo e vão ver que conseguimos fazer mais do que havíamos prometido durante a campanha”, destacou.
O ex-presidente ironizou a cobrança pela reforma tributária ao se referir a fala de economistas. “A primeira coisa que criticam é a carga tributária. Ouço isso há 30 anos. Mandei duas políticas (de reforma tributária) e nenhuma foi votada. Tem algum inimigo oculto no Congresso, (por isso) que não foi votada. Isso já faz três anos”, disse arrancando risos dos empresários na plateia. Lula afirmou que houve consenso na sua última proposta e, mesmo assim, não houve avanços. “Acho que para ser votada, terá que ser votada ponto a ponto”.
Lula também defendeu a carga tributária existente hoje no Brasil. “Todos os países que conheço de carga tributária muito baixa são de uma miséria absoluta”, afirmou rebatendo o discurso de vários economistas. E disse que o importante é saber como investir o que é arrecadado. “Quando você tem recurso e esse recurso é aplicado corretamente, você começa a dar um salto na qualidade”.
Texto e vídeo: Blog de Jamildo.
Foto: Sérgio Figueirêdo.
