Após a revelação de que procuradores da Lava Jato omitiram gravações telefônicas que mostravam que Lula assumiria a Casa Civil do governo Dilma para ajudar a arrumar a gestão e não para fugir da operação, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e demais membros da bancada do partido e da oposição entraram com uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) para que os envolvidos sejam investigados.

Na manhã desta quinta-feira (12), Humberto e os colegas parlamentares se reuniram com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para tratar a respeito do assunto. 

“Isso tudo precisa ser investigado na sua plenitude. Ela está no final do seu mandato. Mas, se tiver o mínimo de apreço pela instituição que ainda comanda, não deixará o cargo sem determinar que se investigue o grupelho que se apossou do Ministério Público para submetê-lo aos próprios caprichos”, declarou.

De acordo com Humberto, a manipulação seletiva dos grampos feitos pelos integrantes da Lava Jato no telefone usado por Lula, incluindo a gravação ilegal de uma conversa dele com Dilma sobre a indicação à Casa Civil, é gravíssima e tem de ser punida.

“Esse escândalo divulgado pela imprensa esta semana deixa claro que os membros da operação agiram politicamente para impedir que Lula fosse nomeado por Dilma. Eles ‘venderam” à opinião pública e ao ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF, a ideia de que Lula queria assumir o cargo para ter foro privilegiado. Só que eles sabiam que isso era mentira e desconsideraram grande material comprobatório que desmontava a tese deles”, declarou.

Para o senador, esse episódio deixou profundas marcas na democracia brasileira, pois mudou o curso da história política no país ao estimular o impeachment de Dilma e desgastar a imagem de Lula perante o eleitorado.

“Existe um conjunto de indícios robustos que mostra a ação criminosa dos procuradores, e possivelmente do então juiz Sergio Moro, para manipular o STF. Sem essa manobra, Lula teria se tornado ministro e Dilma não teria caído”, ressaltou.

O parlamentar também contou que, na reunião com a procuradora-geral, ele informou que estão protocolando no STF uma representação também para impedir que registros de ações possivelmente ilegais cometidas no início da Lava Jato, no âmbito da Receita Federal, sejam apagados.

Humberto informou à Dodge que recebeu uma denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU) de que os rastros de iniciativas ilegais na Receita contra cidadãos, políticos e empresas estão desaparecendo. 

“A denúncia diz que esses registros e rastros vêm sendo apagados. Uma investigação vai permitir identificar a participação de integrantes do Ministério Público e até do ex-juiz Sergio Moro. Ela nos disse que, se o Supremo pedir uma manifestação da parte dela, vai procurar agilizar esse posicionamento”, contou.