"A maior vítima fui eu", avalia senador

Entrevista publicada na edição deste domingo, dia 06/10 (CLIQUE AQUI PARA LER PRIMEIRO TRECHO).
Neste segundo momento da entrevista, o senador Humberto Costa faz uma cobrança à Executiva Nacional, a presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula: cobra olhar especial para o processo político em curso em Pernambuco. Com um governador “aliado” alçando voo solo para 2014, o PT local está no olho do furação
JORNAL DO COMMERCIO – Em recente entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ex-presidente Lula disse que você tinha sido candidato de si próprio. Procede?
HUMBERTO COSTA – O que ocorreu é que no início de janeiro de 2012, fui junto com o senador Jorge Viana (PT-AC) fazer uma visita ao ex-presidente, ainda em recuperação, no que ele perguntou sobre o quadro na eleição do Recife. Falei que tínhamos a candidatura do prefeito (João da Costa), havia discussões sobre a candidatura de João Paulo, Maurício Rands e até meu nome. Perguntei a opinião dele sobre a possibilidade de eu ser candidato, e ele disse exatamente o que disse ao jornal. Tanto é que desisti do meu nome. Continuei a tocar minha vida. Só depois de ter havido a prévia, que não se chegou a um resultado que todos aceitassem, que havia um conflito instalado, a Executiva nacional levantou o meu nome como uma possibilidade de consenso, o que não aconteceu, foi uma avaliação errada. Naquele momento, o presidente Lula concordou, tanto que gravou programa de TV e rádio para mim. Em nenhum momento atropelei o processo. E a maior vítima disso tudo fui eu. Agora, acho que a gente tem que olhar o passado para aprender com ele. Estou novamente à disposição do PT para o que ele quiser, menos ser candidato a qualquer coisa (em 2014).
JC – Como a Executiva nacional está tratando o PT local agora?
HUMBERTO – Tem acompanhado. Mas acho que precisa ter um papel mais ativo na construção dessa unidade. O presidente do partido, o próprio presidente Lula e a presidente Dilma precisam olhar o PT de Pernambuco com mais atenção, mais cuidado e tendo o entendimento de que ele é fundamental para o nosso sucesso eleitoral. Quem vai segurar o palanque da presidente Dilma se não formos nós ou os aliados? Esse é um momento de nos unirmos (também) para cobrar da direção nacional uma postura de acompanhamento mais próximo do processo que acontece aqui e, ao mesmo tempo, de contribuir para construção de uma unidade, para superação dos problemas das arestas que existem hoje. Nós não temos que pedir mais nada a direção nacional! Temos que exigir o papel da direção nacional aqui no Estado para ser fiadora de um grande acordo que resolva os nossos problemas e nos fortaleça para 2014.
JC – Essa falta de atenção da nacional atrapalha?
HUMBERTO – Acho que a principal tarefa está nas nossas mão. Os verdadeiros petistas precisam agora se sentar, precisam baixar temperatura, se despir das vaidades e dos orgulhos e tentarmos construir alguma coisa nova no Estado. Entendo que se tivermos a participação da direção nacional vai ser mais fácil.
JC – Mas como superar o problema dos “Joões”?
HUMBERTO – O PT tem um problema muito maior do que as divergências entre os “Joões” – João Paulo e João da Costa – e entre as tendências, que é a necessidade de se unir para fazer valer um projeto que mudou a vida do povo brasileiro e mudou a vida do povo no Estado. Temos que ter a grandeza para colocar esses problemas em segundo lugar. O que pode nos unir mais do que nos separar? Digo por isso que o PED está mais secundarizado. Estamos preparados para enfrentar, temos chapa forte. Mas isso não tem importância se formos aqui atacados de morte como estamos sendo atacados agora.
JC – Apesar desses sinais de “rompimento”, dirigentes nacionais do PT tem dito que gostaria de manter Eduardo como aliado. Não há uma dissintonia?
HUMBERTO – Todos queremos que o governador esteja com Dilma. Mas não podemos brigar com os fatos. Está muito evidente que o governador está montando sua candidatura a Presidência. Isso é legítimo. Não podemos tirar o direto de quem quer que seja de ser candidato. E mais, o caminho que está sendo utilizado pelo PSB para fortalecer esse projeto é um caminho que é claramente antagônico ao PT. Porque não se trata de alianças com a direita. O problema é que as alianças que estão sendo feitas não são apenas à direita. São hostis ao PT. Veja, (ex-senador) Bornhausen foi a pessoa que disse que era preciso acabar com a raça do PT. O Heráclito Fortes, que está entrando no PSB, foi um dos maiores adversários que Lula teve no Congresso. Quer dizer, essa não é uma frente apenas alternativa ao que está aí. É também uma frente anti-PT, anti-governo, pelo menos elementos que estão atrelados a ela. Para mim, fica claro que o PSB vai construindo caminho próprio.
JC – Se Eduardo Campos sair presidente, Dilma Rousseff precisará de um palanque em Pernambuco. O senador Armando Monteiro Neto (PTB) é pré-candidato e não esconde que quer apoio do PT. Como o partido avalia essa questão?
HUMBERTO – A nossa principal tarefa é construir o palanque da presidente Dilma, garantir que ganhe as eleições aqui. Para isso, precisamos unir todos os elementos que estão com Dilma. É o caso do PTB, do PSD, do PP. As lideranças que estão com Dilma precisam sentar à mesa para discutir a campanha da presidente aqui em Pernambuco. A disputa pelo governo do Estado é algo que é para discutir lá na frente. Nesse momento, todas as possibilidades devem ser consideradas, tanto pode ter uma candidatura, o nome de João Paulo é extremamente forte. Tanto o PT pode apoiar uma outra. Temos grande respeito por Armando Monteiro, como temos respeito pelo governador Eduardo Campos.
JC – Mas o governador tem falado de respeito e unidade na Frente Popular…
HUMBERTO – Acho um pouco difícil até porque a Frente sofreu mudanças, ampliações, que nos coloca numa situação que já não é de tanta unidade. Por exemplo, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) é um adversário figadal da presidente Dilma, Lula e PT. Aliás, ele disse que só apoia a candidatura de Eduardo Campos para presidente se fosse uma candidatura contra o PT. Como é que vamos dividir o mesmo espaço com quem tem essa visão sobre o PT e sobre a presidente? Acho que é difícil.
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Fonte: Jornal do Commercio, edição de domingo – dia 06/10/13.